Eu e minhas escolhas...

sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Peguei-me pensando sobre minhas escolhas, eu sempre escolho algo que precisa de explicação e sofre alguma incompreensão. Por quê? Eu insisto em desafiar e ouvir comentários desagradáveis. Não seria mais fácil seguir o fluxo e contar que trabalho em tal lugar e ganho tanto, recebendo de volta uma afirmação com a cabeça?
Acreditem, essas escolhas são geralmente as que nunca me causam arrependimento. Porém, o que tenho que ouvir por causa delas...
A maior de todas foi, com certeza, ter vindo com o namorado húngaro para a Hungria depois de 2 meses de namoro, sendo que com 1 mês já estávamos marcando viagem e com 15 dias aceitei um pedido de casamento. Ok, aceito que forcei a barra e compreendo perfeitamente quem não entende minha escolha e nem como consegui convencer meus pais... Nem eu sei essa parte, talvez eles tenham visto em nossos olhos. Não é preciso de muito tempo para reconhecer um verdadeiro amor nos olhos de quem ama... O brilho, o sorriso, os sonhos e as brorboletas, tudo denuncia e o torna irrevogável.
Ao mudar para cá, sem saber nada sobre essa língua louca, que não se parece com nada e que nem se sabe onde começa ou termina uma palavra, não podia fazer nada a não ser viver aqui para aprender. Eu não trabalhava, claro. Ajudava fazendo limpeza na casa e cuidadando do meu namorado(dona de casa). Engraçado que se escolhesse fazer o mesmo na casa de outra pessoa já seria um emprego, assim não é.
-Como assim, você não faz nada?
"Não, imagina, estou super curtindo as férias de alguns anos, tentando ao máximo aprender uma língua mesmo não tendo nenhum amigo ou parente por perto pra conversar. Super legal sabe, estou me aproveitando da situação de nem conseguir me comunicar decentemente ou manter uma conversa com mais de duas frases. Na verdade sou bem preguiçosa mesmo e depois da faculdade planejei mesmo achar um estrangeiro pra me mudar pra bem longe e não fazer nada da vida, super ajuda a auto-estima... "-pensava e respondia:
-Eu arrumo a casa, faço comida e ajudo no que puder... - olhares desconfiados e silêncio...
Não foi fácil, mas foi minha escolha e fiz até o fim, mesmo ouvindo os preconceitos que isso acarretou.
Depois, mesmo sabendo a língua, decidi ser dona de casa. Ai meu Deus, que absurdo uma mulher hoje em dia querer cuidar da casa e dos filhos sem trabalhar fora!!! Vocês podem imaginar como eu ficava de pernas pro ar o dia inteiro, não é? Enquanto que minha vassoura mágica deixava minha casa arrumadinha e meus filhos educados... Visualizou a preguiçosa aqui?
E agora outra escolha polêmica: Trabalho pela internet  e planejo ser escritora... pausa para os olhares desconfiados... Pode rir!
Ahh fala sério! Trabalhando em casa, numa rede social e sem ganhar dinheiro(ainda)? Nossa, agora eu provoquei mesmo em dizer que estou trabalhando. Chutei o balde! Desde quando ficar na internet pode ser chamado de trabalho? Se não tem dinheiro, não é trabalho (claro, quem já ouviu falar em investimento a longo prazo? Ninguém? Não?) Escritora? Fala sério... Agora espera eu contar minha audácia... Contratei uma faxineira ainda por cima!!! Escandalizei? Agora sim virei folgada e madame de carteirinha, não é? Não conta que trabalho mais ou menos 12 horaspor dia e que a faxineira só vem a cada 15 dias e eu é que mantenho o resto. Se eu estou em casa, sem ganhar dinheiro, pra que isso? Pois é, escolhi novamente algo que necessita explicação. Cada vez que me perguntam o que eu faço e eu falo, vem as explicações para dizer que estou trabalhando mais que nunca e esperando o retorno disso tudo, que um dia há de aparecer...
Mas eu não posso culpar ninguém. Até pouco tempo existiam 2 escolhas: trabalhar fora X ser dona de casa. Eu estou entre aquelas mães que estão tentando conciliar os dois, eu trabalho para fora em casa, cuido dos meus filhos durante meu trabalho e faço a hora do meu trabalho (o que quer dizer que estou em local de trabalho o tempo todo também, pra quem não sabe). Os padrões estão mudando, não somos mais obrigadas a só cuidar dos filhos e da casa e nem de trabalhar fora a todo custo, existe sim um meio termo para quem quer tentar . E eu, que já havia desistido do meu sonho de escrever, por estar num país onde minha escrita em português não representa nada, descobri na internet um milhão de possibilidades. Aqui você é onipresente! Não tem que estar naquele prédio, naquela hora e sua sócia pode morar em um outro país, como no meu caso, que conheci (pela internet, não pessoalmente AINDA) uma pessoa maravilhosa que mora na Itália e me ofereceu essa oportunidade.
Mas tanto faz quais as suas escolhas, tanto faz que olhares você recebe e quais perguntas seguidas de sorrisos maliciosos, se você tem certeza que vem do coração, sua escolha é a certa. Mudar conceitos implica em ir de encontro com muita gente e nem sempre ser compreendido, mas só mudando e adaptando é que evoluimos. Ainda que não pelo dinheiro, os elogios e os "obrigado" que temos recebido, já me dão a sensação de ter escolhido certo, já confirmam que valeu a teimosia.
E pra quem continua escandalizado com minhas escolhas, é melhor sentar e se acostumar, vou continuar fazendo o que meu coração dita, parecendo ou não loucura, é dali que parte minha felicidade.
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