Minha mãe-amiga

domingo, 13 de maio de 2012


Desde criança sempre vi minha mãe como uma heroína. Ela era a mais inteligente, a mais legal, a mais linda, claro... Era MINHA mãe...
Lembro-me do primeiro dia no prézinho, eu devia ter uns 3 ou 4 anos, eu queria ir para escolinha, queria aprender e brincar com outras crianças, mas lembro-me claramente de olhar por volta e constatar que não existia ninguém tão linda e tão legal quanto minha mãe, então como poderia eu sobreviver ali? 
Apesar desse pansamento, acostumei-me rápido e no primeiro dia ja aceitei como fato, que igual a minha mãe eu não encontraria mesmo, então, bola pra frente! 
Minha mãe, no entanto, não se convenceu de que eu estaria tranquila no primeiro dia e ficou espiando de fora, enquanto eu brincava. Quando a vi ali, a única mãe que permanecia, mais que rápido a mandei embora pra casa: -Você está vendo mais alguma mãe aqui? - argumentei com ela. E ela, com um sorriso de tranquilidade, vendo que eu estava confiante, foi para casa, também confiante. 

Sempre lembramos dessa história e rimos. Ali ela ja havia dado seu primeiro passo para que eu vivesse independentemente, mesmo querendo ficar ao meu lado. Ela sempre soube do que eu precisava, sempre me compreendeu com um sorriso.
Não creio que exista muita coisa sobre mim que ela não saiba, afinal sempre dividi tudo com ela: todos os sentimentos, conquistas e decepções... Ela sempre foi minha melhor amiga, minha confidente, a pessoa de quem eu ouvia um conselho. E sempre havia um bom conselho, uma lição, uma história que ela viveu e que passava-me como experiência. Dei muita risada com suas aventuras da adolecência.
Tão sonhadora quanto eu, foi capaz de alimentar cada sonho que tive, principalmente o de encontrar o príncipe encantado, aquele amor que dura para sempre e nunca desgasta. Ela nunca deixou que eu achasse isso besteira, que não acreditasse, esteve sempre lá, lembrando-me que é possível, torcendo por mim e guiando meus passos. 
Nosso programa preferido de sexta-feira era assistir algum filme romântico. Pegávamos um pouco de chocolate, ou fazíamos um lanche gostoso e sentávamos para assistir. Meu pai sempre saiu com os amigos de sexta-feira, então era o dia de curtir a mãe. Dentre os filmes mais assistidos, um se destacava: Enquanto você dormia. O por quê de ser esse filme, em especial, eu não sei, ainda mais que quando gravei, fiz algo errado no vídeo e ficamos com uma cópia em preto e branco. E era assim mesmo que assistíamos e nos divertíamos muito com ele. Até hoje coloco aqui em casa pra assistir, quando a saudade aperta, lembrando das nossas noites de sexta. Dependendo do dia, a musiquinha de apresentação já me faz lacrimejar... porém o clima de comédia que vem depois, só traz momentos bons e confortantes. Ainda bem que não escolhemos uma tragédia para ser nosso tema, Romeu e Julieta também era bem cotado em casa... 
E por mais que eu seja aberta com ela, por mais que fale de meus sentimentos e divida os acontecimentos, dizer o que sinto por ELA é algo incrivelmente difícil. Não sou boa com declarações ao vivo, não porque não saiba o que dizer, mas porque as palavras me falham e enroscam pela garganta, se seguram para não saírem em lágrimas... Sim, lágrimas. Porque sou chorona e emotiva, mas tento segurar isso. Pode parecer besteira, mas sou assim, não gosto de fazer discursos chorosos e despedidas. Então quando alguém me fala algo bonito e me dá a chance de fazer o mesmo, eu apenas sorrio, sorrio segurando tudo aquilo que iria transbordar por meus olhos, pois os sentimentos, se soltos, simplesmente me inundam. Em matéria de família, seria um dilúvio.
Mas escrever... escrever é fácil, posso fazê-lo com inundações e infiltrações, no meu cantinho. É meu jeito de dizer obrigada por tudo. Principalmente à minha mãe, a mulher que me ensinou tudo com exemplos, sorrisos e até chorando comigo... Essa mãe, capaz de aceitar e entender minha ausência, causada pela distância, e que foi peça definitiva para que isso acontecesse, mesmo sabendo que iria sofrer depois com a minha falta, a falta dos netos... no entanto também sabia que eu estaria seguindo aquilo que ela mesma me ensinou a acreditar, o amor, e foi capaz de entender a importância de fazê-lo, deu-me forças para que eu seguisse em frente...
E que força! É forte por todos nós, sabe exatamente do que precisamos e nos mostra isso. Sacrifícasse sorrindo, para ver sorrisos em nossos rostos... 
Quando penso em como quero ser uma boa mãe, basta pensar em o que você faria, mãe, e logo tenho a resposta. Só desejo ter sua força e saber dar tanto amor quanto você nos deu.
Te amo muito!

Feliz dia das mães!
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